O diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, aconselhou mulheres de Pernambuco a adiarem os planos de gravidez até que haja maior clareza sobre as causas do aumento de casos de bebês com microcefalia no Estado. "Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado", disse ele.
Até o momento, foram identificados 141 casos da malformação no Estado, a maior parte dos casos concentrada a partir de agosto em 55 cidades. O indicador é 15 vezes superior à média registrada entre 2010 e 2014, de 9 casos por ano. Diante do problema, considerado grave, o Ministério da Saúde decretou nesta quarta-feira estado de emergência sanitária nacional..
O professor da Universidade Federal de Pernambuco e um dos primeiros profissionais a identificar o avanço dos nascimentos de microcefalia no Estado, Carlos Brito sugere que mulheres adiem em alguns meses os planos de gravidez em Pernambuco, onde a situação é mais grave.
— É mais prudente esperar alguns meses. Somente para se ter mais segurança sobre o que de fato está ocorrendo.
Para gestantes, Maierovitch avalia ser preciso a adoção dos cuidados básicos: não usar medicamentos sem conhecimento do médico e evitar a exposição a mosquitos.
— Em casa, ficar de portas fechadas, colocar telas nas janelas e usar repelentes.
O uso de mosquiteiros, um recurso bastante usado para evitar malária, não é considerado eficaz nestes casos.
No Rio Grande do Norte, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte está organizando uma rede de referência para assistência a esses bebês.
— Eles necessitam de uma atenção especializada. São pouquíssimos os profissionais com treinamento no momento para cuidar dessas crianças — afirmou o professor do Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte, Kleber Luz.
De acordo com ele, testes feitos até agora nos bebês e mães não identificaram a ocorrência de infecções que geralmente levam a esse tipo de malformação: toxoplasmose, citomegalovírus, herpes e sífilis.
Cerca de 80% das mães relataram ter apresentado, nos primeiros meses de gestação manchas, febres e coceiras - sintomas associados a zika, um vírus transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti.
— Estamos avaliando todas as hipóteses. Vamos repetir exames e continuar buscando respostas.
Luz informou que há quatro anos o Estado teve um surto de toxoplasmose, mas que não foi seguido do aumento de casos de microcefalia.
A malformação, que pode levar a criança ao retardo mental, convulsões, problemas de audição, visão e motor, é considerada um evento raro na pediatria.
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